Junto à bandeira a favor das mulheres, presidente Silvana repudia a violência, principalmente, contra seu gênero
- Nael Rosa
- há 2 dias
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Atualizado: há 2 horas
Foto: divulgação

“Durante a palestra para alguns alunos, uma coleguinha deles levantou-se e revelou: “eu e minha mãe fugimos para cá porque meu pai queria matá-la!”
Esse foi um dos tantos relatos ouvidos da chefe do Poder Legislativo de Flores da Cunha, Silvana de Carli (Progressistas), enquanto ela concedia entrevista ao Jornal “O Florense”, acerca da série que o Podcast Visão Virtual |(Youtube), está fazendo e que abordou em seu episódio inicial, a violência contra a mulher, o que, inclusive, foi uma das bandeiras de campanha usadas pela parlamentar, agora em segundo mandato.
Imediatamente a essa revelação, a vereadora opinou: “às vezes, por ser Flores, uma cidade composta por uma comunidade um tanto “fechada”, onde quase não se fala quanto a isso, não temos a consciência de que a situação está ocorrendo ali, ao nosso lado”.
A atuação em ambiente escolar no sentido de prevenir os maus-tratos, sejam estes psicológicos ou físicos, à figura feminina, integra o “pacote” de ações de Carli, para contribuir com a redução desse crime que, infelizmente, por ainda sentir-se o homem o proprietário de sua companheira, cresce assustadoramente no Brasil, país onde em 10 anos, 50 mil mulheres foram assassinadas por seu par, até o ano passado.
“Ao levantar também essa bandeira do “Não” à violência contra nós, busquei informações junto às forças policiais, constatando que, também aqui, em Flores, esse tipo de crime vem crescendo. Isso me fez agir para a criação da Procuradoria da Mulher, que é institucional, e tem, entre tantos outros focos, orientar e fornecer informações de como proceder em situações como esta, que começa, por exemplo, com o registro do Boletim de Ocorrência (B.O), a busca e o direito a um defensor público, ou seja, sem custo, e demais procedimentos”, resumiu a presidente da Câmara em 2025.
De Carli salientou que, o ideal, seria o município contar com um espaço (casa) que acolhesse principalmente, todas aquelas que apanham de seus maridos e que optassem por deixar essa situação, mas isso ainda não é uma realidade que vislumbre a curto prazo, diante do custo. Mesmo assim, há sim apoios que não tem o poder de fazer tamanha diferença, mas tem sido um grande auxílio para elas.
“Ligado à Secretaria de Desenvolvimento Social, temos o Centro de Referência de Atendimento Especializado (CREAS), onde são acompanhadas e que, dentre os objetivos, está reestruturar a família, pondo à disposição, profissionais capacitados para lidar com as vítimas de tal realidade”, sintetizou. Ela continua:
“repito: o custo para dar esse alicerce é elevado. Estamos atuando no sentido de oferecer o Auxílio Aluguel, o que, com certeza, ajudará significativamente. Mas, no Brasil, para os municípios que quiserem, há, para este fim, parcerias importantes e o Instituto Avon é uma dessas. Ele custeia para vítimas que, posteriormente ao B.O, principalmente quando há risco de morte, usufruir de quartos de hotel por um período e em segurança, dando às prefeituras, quinze dias para direcionar à todas que são agredidas”.
Silvana explica que, esse tempo serve para a busca de outro lar, que pode ser de um parente, para que a mulher agredida permaneça na cidade, bem como, pagar passagem ou passagens, para que ela e filhos, retornem para suas cidades natais ou para casa dos pais, nunca antes, é claro, de explicar e auxiliar sobre a medida protetiva, amparar dá forma possível, seus filhos, dar a segurança fornecida por policiais para que ela possa pegar na então residência, seus pertences e, tão importante quanto, auxiliar psicologicamente para que ela se fortaleça ao ponto de dar continuidade à sua vida.
Segurando o material gráfico (folders) ação da Procuradoria antes citada e que levou à Câmara a investir parte da verba pública a qual tem direito para a confecção, e onde consta também o gráfico da violência, confrontamos Silvana de Carli com uma pergunta feita posterior a uma frase que deveria causar náuseas, mas que apenas sintetiza o machismo e a posse milenar do homem sobre a mulher: “mulher gosta de apanhar!”.
A seguir, indagamos: presidente, em sua opinião, por que, mesmo judiadas, elas voltam para casa e seguem convivendo com o agressor?
De imediato, ela opina: “por dois fatores principais: dependência emocional, pois acredita que o parceiro gosta dela e agiu, como geralmente afirma, de cabeça quente, portanto, não mais vai fazer, mas torna a bater nela de novo e de novo, mas ainda por dependência financeira, já que, na relação, geralmente ela dedicou-se apenas ao companheiro e a filhos, abrindo mão de se capacitar profissionalmente e assim, ter sua independência financeira”.
Para De Carli, esse retorno ao mesmo espaço onde foi agredida, leva ao julgamento cultural de que elas gostam de apanhar, e não colabora em nada para a quebra do ciclo da violência que, observa, não se concentra nas vias de fato, pois antes, há as frases depreciativas e a “super proteção”, confundida com ciúmes, portanto, com sentimento positivo, a impedindo de isso identificar, e que, lamenta, já não mais se concentra apenas entre os homens: “pasmem! A frase: “mulher gosta de apanhar”, já é dita também por elas, não somente por homens", surpreende-se.
Reportagem: Nael Rosa
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